A minha infância em Trás-os-Montes (nordeste de Portugal) foi guiada pelas mãos gastas dos meus pais que trabalhavam no campo. O meu pai era pastor e ensinou-me os fados de Amália e as canções populares da época. Quando fui estudar para o Porto, aos 10 anos, levei comigo também o gosto pelas canções e tornei-me solista do coro do Círculo Portuense de Ópera. Depois de participar em várias óperas, estudei com a professora Palmira Troufa que, em todas as aulas de canto do Conservatório de Música do Porto, me dizia que a música lírica não era para ser cantada de olhos fechados, que isso era coisa para o fado.
A primeira vez que tive a coragem de cantar em público os três únicos fados que conhecia na altura, quando acabei de cantar, pediram-me para os cantar outra vez. Talvez tenha sido este o momento que me trouxe até onde estou agora.
Em Lisboa, o Clube de Fado foi o ponto de partida do meu percurso, onde ainda canto regularmente. Gravei dois álbuns com o nome Carolina porque queriam mudar o meu nome, mas o meu verdadeiro nome volta a abraçar o meu percurso no lançamento do álbum com Raül Refree, onde as texturas e sonoridades da música eletrónica são o foco central deste projeto, vestindo os grandes fados clássicos de Amália.
Agora, Luís de Camões é o meu novo desafio, uma ideia que surgiu há algum tempo e que inicialmente parecia inconcebível. No entanto, com a minha teimosia e com o apoio e assistência crucial de Amélia Muge, o álbum “Fado Camões” acaba de nascer. Produzido por Justin Adams, é um álbum que combina as letras de Camões com a música tradicional do fado.
Tudo isto foi possível com o apoio das pessoas que me acompanharam neste percurso, em especial da minha gestora Carmo Cruz, que sempre acreditou verdadeiramente no meu trabalho.
Outros projectos virão… novas dificuldades… novas conquistas…